Durante todo o mês de julho, em Salvador, foram registrados ao menos 131 tiroteios. Os dados são do Instituto Fogo Cruzado, divulgados na manhã desta segunda-feira (8). Segundo o levantamento, aproximadamente 80% das vítimas da violência faleceram.

O instituto contabilizou que das 108 vítimas baleadas, 84 não resistiram e vieram a óbito, um percentual de 77,77%. Este foi o primeiro mês de atuação do instituto na Bahia, em parceria com a Iniciativa Negra por uma Nova Política de Drogas (INNPD).

Cecília Olliveira, organizadora e diretora executiva do projeto Instituto Fogo Cruzado, aponta dados alarmantes sobre a violência na capital baiana. “Isso significa que, em média, três pessoas foram baleadas por dia, em alguma das 13 cidades da região metropolitana. Dentre estes números estão vidas e famílias como a dos gêmeos rifeiros, mortos após saírem de uma festa no subúrbio de Salvador. Ainda não se sabe os motivos ou autores do crime, o que deixa a família ainda mais abalada”, destacou.

Os irmãos Ruan e Rubens Silva Santos, de 23 anos, citados por Cecília, foram assassinados quando voltavam de uma festa. A Polícia Civil informou que o caso está sendo investigado. Não se sabe a motivação do crime.

“A cada 10 tiroteios na região metropolitana, oito aconteceram na cidade. A capital teve 105 tiroteios, 67 mortos e 20 feridos. São números bem graves, que indicam o tamanho do problema”, completou.

O co-fundador da Iniciativa Negra por Uma Nova Política de Drogas e coordenador da Rede de Observatórios da Segurança na Bahia, Dudu Ribeiro, destaca a importância dos dados para uma cobrança maior das políticas públicas contra a violência urbana.

“Uma das grandes questões quando o assunto é segurança pública é a qualidade e a transparência na produção de dados. Historicamente temos visto uma resposta da segurança pública baseada em incentivos ao punitivismo e em bravatas, e ainda muito afastada da produção de dados”, pontuou.

Ainda segundo o balanço do Fogo Cruzado, cerca de 131 tiroteios acontecidos em Salvador, 37 foram durante ações ou operações policiais. Dos 37 casos envolvendo estas ações, 25 pessoas morreram e 6 ficaram feridas.

Os casos registrados pelo Fogo Cruzado são apurados após os registros dados pelos moradores, de forma anônima. Depois que os dados são inseridos no aplicativo, o instituto faz o mapeamento, contabiliza e confirma com os órgãos oficiais.

Por: Redação ANH/BA.