Os chanceleres dos Estados Unidos, Marco Rubio, e da Ucrânia, Andriy Sybiga, participam nesta terça-feira (11) de uma reunião na cidade de Gidá, na Arábia Saudita.

A reunião entre os diplomatas dos Estados Unidos e da Ucrânia na Arábia Saudita ocorre em um momento crucial da guerra, com sinais contraditórios sobre um possível acordo de paz. Por um lado, há um movimento diplomático de retomada do diálogo e tentativas de mediação internacional; por outro, as hostilidades seguem intensas, especialmente com ataques de drones e bombardeios em larga escala.

A possibilidade de Kiev precisar ceder territórios anexados pela Rússia é um ponto sensível, pois representa uma concessão que muitos ucranianos e aliados ocidentais consideram inaceitável. No entanto, o próprio chanceler americano, Marco Rubio, deu a entender que essa seria uma condição para um acordo, sinalizando uma postura mais pragmática dos Estados Unidos em relação ao desfecho do conflito.

Além da questão territorial, a reunião também inclui discussões sobre um acordo de fornecimento de minerais estratégicos entre Kiev e Washington. Esses recursos são fundamentais para a indústria tecnológica e militar, o que reforça a importância da aliança entre os dois países. A Ucrânia, por sua vez, espera a retomada da assistência militar e financeira dos EUA, que sofreu atrasos devido a impasses políticos internos no Congresso americano.

Enquanto isso, a Rússia segue monitorando os desdobramentos das negociações. O Kremlin vê com desconfiança qualquer articulação entre Kiev e Washington e deixou claro que as condições para um cessar-fogo ainda estão distantes. O ataque ucraniano com drones em Moscou apenas reforça essa posição, tornando o clima ainda mais tenso.

Diante desse cenário, a Arábia Saudita tenta se posicionar como um mediador estratégico, buscando aproximar as partes envolvidas no conflito. O país já havia sediado uma rodada de conversações em fevereiro, e a escolha do território saudita para este novo encontro reforça o papel do reino no tabuleiro geopolítico.

Ainda não está claro quais avanços concretos podem sair dessas reuniões, mas o fato de os EUA e a Ucrânia estarem negociando publicamente questões sensíveis já indica uma mudança no tom diplomático. Resta saber se a Rússia estará disposta a aceitar algum tipo de compromisso ou se o conflito continuará escalando nos próximos meses.

A administração de Donald Trump já havia iniciado contatos com a Rússia em fevereiro, também na Arábia Saudita, em uma reunião simbólica que resultou em um compromisso para o restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países.

Enquanto isso, o Kremlin afirmou que os representantes dos EUA estão buscando entender a posição ucraniana sobre possíveis negociações. Moscou espera que a Casa Branca repasse informações sobre as conversas com a delegação de Kiev, segundo agências de notícias russas.

No entanto, a Rússia alertou que um recente ataque em massa de drones ucranianos na região de Moscou pode comprometer as chances de um cessar-fogo. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, declarou que "não há, no momento, negociações com Kiev".

Peskov destacou que Moscou tomou medidas antecipadas para garantir a segurança da capital, das áreas vizinhas e de todo o país.

A mídia russa informou que este foi o maior ataque de drones de ambos os lados desde o início do conflito, em fevereiro de 2022. O ataque ocorreu poucas horas antes do início das discussões na Arábia Saudita sobre uma possível trégua com a Rússia.

Redação ANH