/EXCLUSIVO: ANH NOTÍCIAS CONVERSA COM A MÃE DE UM RAPAZ AUTISTA, E REVELA A LUTA QUE É PARA CONSEGUIR COLOCAR O FILHO EM UMA SALA DE AULA

EXCLUSIVO: ANH NOTÍCIAS CONVERSA COM A MÃE DE UM RAPAZ AUTISTA, E REVELA A LUTA QUE É PARA CONSEGUIR COLOCAR O FILHO EM UMA SALA DE AULA

Vanuse Rianelli e o filho Pedro Paulo. Imagem: Arquivo Pessoal.

Vanuse Rianelli, é uma administradora de empresas, e mãe de um rapaz de 23 anos chamado Pedro Paulo, e desde cedo, ela luta para dar ao filho uma educação de qualidade, de acordo com as necessidades de seu filho que sofre do Transtorno do Espectro Autista. Vanuse luta pela causa da inclusão dos autistas na sociedade, desde a época em que pouco se sabia ou pouco se falava sobre a condição que afeta milhares de pessoas em todo o mundo.

Destacamos que a Lei Berenice Piana, coautora da Lei 12.764 de 28 de dezembro de 2012, criou a política nacional de proteção dos direitos da pessoa com espectro autista. Mas, em nossa conversa com a mãe do jovem Pedro Paulo, observamos que a educação como ponto de inclusão, que é um dos fatores mais importantes para a vida de um ser humano, vem sendo desrespeitado desde sempre. Isto acontece, segundo ela, pela má formação de professores para lidar com pessoas nessa condição. Criando então uma enorme barreira para o processo educacional de um autista.

ANH: Vanuse, como é a sua rotina sendo mãe de um rapaz autista em grau severo?

Vanuse: “Tudo é muito difícil. Você fala em lei? Tem leis, mas, ela só existe no papel, na prática é tudo diferente. As escolas promovem, por exemplo, uma falsa inclusão. Pois uma inclusão real está longe de ser uma realidade positiva em nosso país. A inclusão não é apenas colocar o menino ou a menina dentro da escola para que eles fiquem lá parados. Eles precisam sim, interagir, participar e aprender dentro do seu tempo e através das técnicas usadas pelos profissionais adequados”.

ANH: Como você vê o acompanhamento do seu filho dentro e fora da sala de aula?

Vanuse: “Graças a Deus eu posso pagar uma escola particular para meu filho poder estudar. E mesmo assim, passamos pelos maiores sufocos que um ser humano pode passar. Por tudo que você possa imaginar. Seja pela falta de capacitação profissional de muitos professores, ou até pela falta de empatia por parte de muitos dirigentes de escola em nosso país. Eu penso muito nas mães que não podem pagar uma escola particular e não conseguem uma vaga em escolas públicas para que  seus filhos possam estudar. A educação de um autista de nível três exige cuidados diferenciados, e nem todas as escolas estão preparadas para esta realidade”.

ANH: Vanuse, durante a gestão do último governo, foi assinado um decreto para separar as crianças e jovens autistas das demais crianças, alegando que isto iria prejudicar o andamento das aulas e o aprendizado das crianças ditas “normais” pelo Ministério da Educação. Como você viu este decreto, quando a palavra do dia deveria ser sempre a inclusão?

Vanuse: Fiquei em choque quando liguei a televisão e assisti essa notícia na época. Poxa vida, eu luto há 23 anos pela inclusão do meu filho. Eu não queria vê-lo excluído da sociedade, muito menos ser excluído das salas de aula. Acredito que a gestão passada não tinha a menor competência para lidar com essa questão. O autismo existe quer queiramos ou não, e além da questão do respeito e da dignidade pela pessoa autista, precisamos incluir sempre. A palavra exclusão por si só, já é um grave retrocesso no processo civilizatório. Até porque estamos no século 21, a idade das trevas, da falta de conhecimento já passou.

A entrevista com Vanuse nos revela o quão importante é o processo de inclusão de uma pessoa com autismo dentro do processo educacional brasileiro. Pois é preciso aprender a conviver com os diferentes, para podermos construir uma sociedade mais justa e mais fraterna.

Por: Gabriel Maia, ANH/Redação.