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Facção emprega recursos do tráfico de drogas para influenciar eleição de conselheiro tutelar, além de desviar medicamentos

Após uma investigação da Polícia Civil, foi revelado que o dinheiro proveniente do tráfico de drogas em Porto de Galinhas, na região de Ipojuca, Grande Recife, foi usado para tentar eleger um candidato a conselheiro tutelar na cidade. O candidato em questão é um advogado que anteriormente atuava como coordenador em uma policlínica local. Embora ele não tenha sido eleito no último pleito para o Conselho Tutelar, ele e outros dois funcionários foram alvos de uma operação, resultando no cumprimento de quatro mandados de busca e apreensão.

Além disso, a investigação policial descobriu que medicamentos foram desviados da mesma unidade de saúde para tratamentos “clandestinos” de traficantes que buscavam atendimento médico após serem baleados em confrontos com a polícia. Parte desses medicamentos desviados foi repassada para laboratórios clandestinos do tráfico na região para a produção de novas drogas comercializadas pelos traficantes locais. Essas informações foram divulgadas pela polícia em uma coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (3), na sede da corporação, no bairro da Boa Vista, na área central do Recife.

Detalhes sobre a operação mostram que foram apreendidos medicamentos desviados e uma máscara provavelmente usada em atividades criminosas. Quatro funcionários, incluindo o coordenador da unidade de saúde, um porteiro e um secretário, estão sob investigação por participarem de um esquema ilegal em que traficantes recebiam tratamento médico informal da equipe da unidade. Uma enfermeira que trabalhava na policlínica e já havia sido presa em dezembro do ano passado também é alvo da investigação, suspeita de envolvimento no esquema e no assassinato de um homem de 30 anos, supostamente a mando dela.

De acordo com o delegado Ney Luiz, responsável pelas investigações, o coordenador da policlínica recebia pagamentos em dinheiro para atender traficantes de maneira informal, sem registrar os atendimentos na unidade de saúde. Muitas vezes, esses atendimentos eram realizados nas casas dos suspeitos. Além disso, foram desviados medicamentos e produtos de higiene pessoal da unidade. O delegado também revelou que o coordenador, que tentou se eleger como conselheiro tutelar no ano passado, estava envolvido em um esquema de compra de votos com dinheiro proveniente do tráfico de drogas.

Apesar da solicitação da polícia, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e o judiciário negaram o pedido de prisão preventiva dos três funcionários. Com o avanço das investigações, o delegado pretende fazer novamente o pedido de prisão preventiva dos investigados.

O porteiro da policlínica, segundo Ney Luiz, era responsável pelo desvio de medicamentos para a facção criminosa. Ele já havia sido transferido da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Porto de Galinhas por suspeita de furto de medicamentos. O esquema envolvia atender traficantes informalmente em troca de dinheiro. A polícia está investigando o possível envolvimento de mais pessoas no esquema, inclusive superiores hierárquicos dos investigados. O inquérito também revelou que parte dos medicamentos desviados era repassada para laboratórios clandestinos, possivelmente para a produção de entorpecentes comercializados pela facção criminosa.

Foto: Divulgação/PCPE

Redação ANH/PE