/O índice Ibovespa teve um declínio de 4,79%, marcando o mês de janeiro como o pior desempenho desde 2016

O índice Ibovespa teve um declínio de 4,79%, marcando o mês de janeiro como o pior desempenho desde 2016

O Ibovespa, o principal indicador da bolsa de valores brasileira, tentou uma recuperação no último dia de negociação de janeiro. No entanto, o acumulado do mês registrou o desempenho mais fraco desde agosto (quando houve uma queda de 5,09%) e o pior janeiro desde 2016, com uma queda de 6,79%.

De acordo com Einar Rivero, CEO da Elos Ayta Consultoria, a bolsa teve uma queda de 4,79% no primeiro mês de 2024, conforme levantamento antecipado ao G1. Este início de ano representa uma inversão em relação ao final de 2023, quando o Ibovespa alcançou uma sequência de recordes e encerrou o mês com uma valorização de 5,38%.

A diminuição observada em janeiro pode, em parte, ser atribuída ao término do conhecido “rali de fim de ano”, período em que investidores buscam aproveitar oportunidades no mercado de ações, impulsionando os preços dos papéis. Entretanto, diversos fatores contribuíram para o desempenho negativo no mês.

No âmbito macroeconômico, especialistas destacam as seguintes razões:

  1. Incertezas sobre a redução dos juros nos Estados Unidos.
  2. Preocupações em relação ao cenário fiscal brasileiro.
  3. Desafios enfrentados pela China para manter seu crescimento.

Na perspectiva microeconômica, é relevante mencionar:

  1. Acentuada desvalorização das ações de commodities, como as da Vale.
  2. O pedido de recuperação judicial da Gol.

Quanto aos juros nos Estados Unidos, a expectativa de seu patamar ideal tem sido um tema recorrente nos últimos meses. O mercado financeiro tem discutido a possibilidade de o Federal Reserve (Fed) iniciar um ciclo de cortes de juros em março, porém, alguns indicadores econômicos norte-americanos reduziram essas expectativas.

Bruno Benassi, especialista em ações na Monte Bravo Corretora, explica que dados como o relatório de emprego “payroll,” que mostrou a abertura de 216 mil novas vagas em dezembro, acima das expectativas, impactaram as projeções. A possibilidade de uma pressão inflacionária decorrente de um mercado de trabalho aquecido pode adiar o início dos cortes de juros para maio.

Essa mudança de perspectiva, associada a juros mais altos nos EUA por um período prolongado, levou investidores internacionais a reduzirem ou atrasarem suas aplicações em ativos de risco, como o mercado de ações brasileiro. A aversão ao risco se reflete na preferência por títulos públicos americanos, as Treasuries, enquanto investidores estrangeiros retiraram cerca de R$ 5 bilhões da bolsa brasileira em 2024. A economista Ariane Benedito, especialista em mercados de capitais e RI da Esh Capital, destaca que movimentos semelhantes de aversão ao risco ocorreram em fevereiro e agosto de 2023, quando o Banco Central americano aumentou suas taxas e demonstrou cautela em relação à economia do país.

Redação ANH/AL