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Índice de mortalidade infantil entre comunidades indígenas é mais que o dobro da média nacional

A taxa de mortalidade infantil entre os povos indígenas no Brasil é mais do que o dobro daquela observada na população não indígena, conforme evidenciado no relatório conclusivo de um estudo realizado pelo Núcleo Ciência Pela Infância (NCPI), uma organização não governamental que congrega pesquisadores de diversas áreas em parceria com diversas instituições científicas.

Os dados divulgados nesta terça-feira (9) revelam informações do período entre 2018 e 2022. No último ano dessa série, para cada mil nascidos vivos entre os indígenas, 34,7 crianças com até quatro anos faleceram, uma taxa 2,44 vezes maior do que aquela registrada entre o restante da população brasileira. Em 2022, foram 14,2 mortes para cada mil nascidos vivos entre as crianças não indígenas.

Nos anos anteriores da série, a disparidade é semelhante: a taxa de mortalidade entre os indígenas sempre foi mais do que o dobro. A menor diferença foi observada em 2020, com 29,6 mortes de crianças para cada mil nascidos vivos, o que corresponde a 2,4 vezes a taxa registrada para o restante da população.

Esses dados apontam para um cenário preocupante, distante das metas estabelecidas pela Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), a qual visa erradicar a pobreza e alcançar um mundo melhor para todas as nações até 2030. No que diz respeito à mortalidade infantil, a meta é reduzir para menos de 25 mortes por mil nascidos vivos. No entanto, essa meta ainda não foi alcançada pela população indígena do Brasil, apesar de ter sido atingida pelas crianças não indígenas.

Além disso, ao analisar as mortes neonatais, também é perceptível uma diferença significativa. Em 2022, a taxa de mortalidade neonatal entre os indígenas foi de 12,4 bebês com até 27 dias a cada mil nascidos vivos, enquanto entre o restante da população foi de 8 bebês por mil nascidos vivos.

O estudo destaca que as doenças evitáveis são responsáveis por uma parcela considerável das mortes entre as crianças indígenas, com destaque para as doenças respiratórias e infecciosas. Além disso, as dificuldades de acesso aos territórios, a falta de profissionais de saúde capacitados e as barreiras para obtenção de dados da saúde indígena são mencionadas como desafios para melhorar os indicadores de saúde dessa população.

A degradação ambiental, especialmente devido ao garimpo ilegal, também é apontada como um fator que contribui para a crise humanitária em algumas comunidades indígenas, como na Terra Yanomami. A contaminação por mercúrio proveniente do garimpo ilegal afeta quase toda a população de algumas aldeias yanomamis, com consequências preocupantes para a saúde, especialmente das crianças.

 (Crédito: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Redação ANH/DF