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Teresina enfrenta manifestações de intolerância religiosa e racismo em monumento dedicado a Iemanjá

Recentemente instalada na Avenida Marechal Castelo Branco, em Teresina, a nova estátua dedicada a Iemanjá tem sido alvo de uma série de ataques nas redes sociais. Os comentários variam desde insultos com teor de intolerância religiosa até ameaças de danos ao monumento.

O Movimento de Terreiros do Piauí comunicou que coletou o conteúdo das postagens e reportou o caso à Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP-PI). O grupo busca a identificação e punição de todos os responsáveis pelos comentários.

“Precisamos de uma ação do secretário em relação a essas manifestações de ódio e intolerância religiosa. Recolhemos todas as capturas de tela para que essas pessoas sejam identificadas e responsabilizadas de alguma forma”, declarou pai Rondinele de Oxum, coordenador estadual do movimento.

A nova escultura substitui uma antiga imagem que sofreu repetidos atos de vandalismo e foi restaurada várias vezes. A representação atual retrata a divindade com pele negra, em uma homenagem à ancestralidade de um dos orixás mais venerados nas religiões de matriz africana no Brasil.

“O fato de ser uma estátua negra tornou os ataques ainda mais intensos. Isso configura um racismo religioso e exigimos que o Estado tome medidas a respeito. São indivíduos intolerantes, e estamos demandando punições mais severas por parte do poder público diante dessa situação”, enfatizou o sacerdote.

Há preocupações de que os ataques virtuais se convertam em agressões físicas ao monumento e aos frequentadores do local. “Já vimos diversos terreiros sendo vandalizados e incendiados. Nosso estado é um dos que mais violentam comunidades tradicionais de matriz africana”, ressaltou pai Rondinele de Oxum.

A intolerância religiosa é considerada crime no Brasil, e diversas leis garantem a liberdade de culto e proteção àqueles que desejam praticar sua fé no país. Caso seja vítima ou testemunhe algum episódio de intolerância, denuncie ligando para o 190 (Polícia Militar) ou Disque 100 (Disque Direitos Humanos).

Redação ANH/PI