/EXCLUSIVO: PORTAL ANH CONVERSA COM OS PAIS DE JEFERSON ANDERSON FEIJÓ, HOMOSSEXUAL COVARDEMENTE AGREDIDO EM MORENO, PERNAMBUCO

EXCLUSIVO: PORTAL ANH CONVERSA COM OS PAIS DE JEFERSON ANDERSON FEIJÓ, HOMOSSEXUAL COVARDEMENTE AGREDIDO EM MORENO, PERNAMBUCO

Jeferson antes e depois. Imagens: arquivo pessoal.

O ANH Notícias, através de seu repórter Gabriel Maia, conversou com exclusividade com os pais de Jeferson Anderson Feijó da Cruz, que foi covardemente agredido na noite do dia 7 de dezembro de 2018, na cidade de Moreno, Pernambuco. O rapaz, que atualmente tem 25 anos de idade, ainda sofre com as sequelas adquiridas após a violência gratuita que sofreu, e a pior delas, foi a perda da fala e da coordenação motora. Etiene Melo e Marcos Cicero, narraram um pouco do dia a dia de seu filho na luta pela vida e pela recuperação de sua saúde.
Mas antes, entenda o caso…

Na noite do dia 07 de dezembro de 2018, Jeferson estava na companhia de amigos, bebendo em uma praça da cidade de Moreno, Pernambuco, que fica a cerca de 30 Km da capital Recife,  comemorando a sua formatura no ensino médio. Jeferson sonhava em fazer faculdade de fotografia, e a família já estava empenhada em realizar o sonho do rapaz, que já estava inscrito para prestar vestibular.

Robson da Silva Alexandre, se aproximou de Jeferson quando ele se afastou dos amigos, para ir ao banheiro, e de forma gratuita, começou a espancar o rapaz. O agressor deu vários golpes na cabeça de Jeferson, o que deixou o rapaz em coma, após a perda de massa encefálica. Após as agressões, ele ficou 7 meses internado em um hospital, até ser transferido para sua residência onde permanece sob os cuidados de seus pais até hoje.

ANH: O agressor do Jeferson foi preso. O que de fato mudou na condução das investigações após a prisão desse indivíduo? Ele continua preso? Foi um alívio para a família?

Marcos Cicero: “Sim, ele continua preso. Teve a oitiva das testemunhas a favor de Jeferson, e também foi marcada a audiência para ouvir as testemunhas desse agressor, se é que ele tem. Só que devido a pandemia, houve alguns adiamentos. Mas, ele continua preso.

O alívio é de saber que por enquanto, a justiça está sendo feita, e ele está num lugar que para mim ele não deveria sair jamais. Pois quem fez uma vez, com certeza fará de novo. Uma pessoa deve estar fora do seio da sociedade, a menos que papai do céu entre na vida dele, e faça uma transformação em sua vida”.

Robson da Silva Alexrandre, agressor de Jeferson.

ANH: O crime contra o Jeferson, vocês classificam como homofobia, ou vocês discordam dessa tese?

Marcos Cicero: “Sim, porém, para nós que não estávamos na hora, fica difícil especificar o interesse dele pelo meu filho. É sabido que ele levou os pertences de meu filho. (Celular, Carteira, Bermuda). Ele deixou meu filho apenas de cueca. Segundo a informação de uma pessoa que estava no local, o agressor do meu filho foi reiteradas vezes pedir bebida ao grupo que meu filho estava. E meu filho chegou a dar bebida para ele algumas vezes. Ele passou a noite toda monitorando as pessoas que estavam na praça. Eu me pergunto sempre, se não fosse com meu filho, será que ele faria isso com qualquer outra pessoa?

-A mãe de Jeferson afirma não ter dúvidas de que o filho foi vítima de homofobia.

Etiene Melo: Uma amiga de Jeferson que estava no dia, diz que foi homofobia sim, pois ele demonstrava raiva pelo meu filho. Tanto é que ele só agrediu o rosto e a cabeça dele.

ANH: O agressor do seu filho, era lutador? Praticava algum esporte? Faço esta pergunta pois ele agrediu sozinho ao seu filho. Não houve cúmplices.

Etiene Melo: “Não. Eu nunca soube que ele praticava algum tipo de esporte. Seu porte físico era normal. Eu tinha uma barraquinha de lanches na época, e este sujeito chegou a frequentar algumas vezes a minha barraca. Ele conseguiu fazer o que fez, pois meu filho estava bêbado.

ANH: Como era o Jeferson dentro de casa? O dia a dia do seu filho?

Etiene Melo: “Meu filho era um amor. Era muito ativo e esperto. Fazia comida e me ajudava muito. Como qualquer jovem da idade dele, gostava de sair com os amigos e se divertir.

Marcos Cicero: “Meu filho é um menino muito amoroso, muito caseiro. Ele saía vez ou outra, pois é normal dessa idade. Eu também fui jovem e jamais podemos proibir alguém de viver sua juventude. Jeferson era muito ajuizado, jamais nos deu desgostos. O que aconteceu com meu filho foi uma fatalidade”

ANH: Após o ocorrido vocês tiveram ajuda de algum órgão público, ou entidades de apoio? Houve solidariedade por parte da sociedade?

Marcos Cicero: “Em primeiro lugar, tivemos muito apoio do promotor de Justiça, Dr Russeaux, que está à frente do caso e nos auxiliou bastante. Nós somos gratos por seu empenho e dedicação ao caso de Jeferson. Por outro lado, o setor público não deu nenhum apoio, e só fizeram algo pelo meu filho porque houve uma pressão por parte das mídias e redes sociais que abraçaram o caso”.

“Tivemos muito apoio de Robério Lima, que é um empresário e filantropo que mora em São Paulo, e fez uma corrente de ajuda para meu filho através das redes sociais.Somos muito gratos ao Robério. O grupo Mães pela Diversidade de Pernambuco, através da Gil Carvalho, também foi muito importante para nós. O tratamento de Jeferson é caro, e eu sou carreteiro. Como motorista meu salário sozinho não daria para bancar todas as despesas. Fraldas, medicamentos e até mesmo os profissionais de fisioterapia”.

“Os grupos LGBTQIA+ da cidade e do Estado de Pernambuco se empenharam bastante e também ajudaram muito o meu filho, mas mesmo assim, ainda precisamos muito de ajuda. As despesas são contínuas”

O ANH Notícias agradece aos pais de Jeferson pela entrevista, e pedem às autoridades públicas, que as agressões contra as comunidades LGBTQIA+ sejam punidas com todo rigor da Lei, para que outros rapazes como Jeferson, não venham perder suas vidas, para as mãos do ódio e do preconceito.

Por: Gabriel Maia, ANH/ REDAÇÃO.