/EXCLUSIVO: O ANH NOTÍCIAS CONVERSOU COM DUAS MULHERES TRANS DE MINAS GERAIS, SOBRE O LAMENTÁVEL COMPORTAMENTO DO DEPUTADO NIKOLAS FERREIRA
Mulheres Trans se manifestam contra as falas transfóbicas do deputado Nikolas Ferreira.

EXCLUSIVO: O ANH NOTÍCIAS CONVERSOU COM DUAS MULHERES TRANS DE MINAS GERAIS, SOBRE O LAMENTÁVEL COMPORTAMENTO DO DEPUTADO NIKOLAS FERREIRA

Como é de conhecimento de todo o Brasil, Nikolas Ferreira foi um dos deputados federais mais votados na última eleição federal, e antes mesmo de chegar à câmara, o deputado coleciona muitas falas que causam polêmica e geram incômodo em diversos setores da sociedade civil.

A última aparição do deputado eleito por Minas Gerais, causou grande mal-estar entre as mulheres trans de todo o Brasil, que lutam com muita garra e determinação contra atitudes de pessoas como o deputado, que agrediu a comunidade LGBTQIA+, sem o menor pudor ou respeito pelas leis que regem o nosso país. O deputado colocou uma peruca amarela, e disse que mudaria o nome para ‘Nikole’, fazendo um discurso transfóbico.

O ANH  conversou com exclusividade com duas mulheres trans de Minas Gerais, mesmo Estado do deputado, e elas expõem a sua opinião sobre a trágica atitude do parlamentar.

Bárbara Dias, é uma mulher trans nascida em Sete Lagoas, Minas Gerais, região metropolitana de Belo Horizonte. Bacharel em jornalismo, apresentadora de rádio e redatora de um jornal da cidade, atua desde sempre contra qualquer tipo de preconceito ou atitude preconceituosa contra as mulheres trans.



ANH: Bárbara, como você se sente, sendo uma mulher trans, ao ver o ataque de um deputado federal, que é um representante do povo, tendo este tipo de comportamento?


Bárbara: “Esse deputado é consequência de doutrinas impostas por igrejas e pelo sistema patriarcal e opressor, que insiste em se manter no poder às custas da subserviência sustentando o topo da pirâmide.

Como mulher trans, a fala desse indivíduo invalida meu corpo e minha existência. Ele coloca todas as trans e travestis como alvo do ódio alheio. 

Como militante, a fala dele desmonta todo histórico de lutas pelo direito à equidade, de ir e vir, de ocupar espaços de direito, de pertencimento, é um desabono ao direito de viver. O deboche dele numa plenária da Câmara Federal é o escárnio da estatística vergonhosa do país que mais mata trans e travestis pelo simples fato da existência”. 

Jhenny Silva, é uma mulher trans nascida em Esmeraldas, Minas Gerais, trabalhadora autônoma e estudante de letras, acredita que o deputado não somente age sozinho, pois de certa forma o parlamentar atende a uma massa de pessoas que pregam ódio e violência contra tudo e todos que pensam diferentes deles.


ANH: Jhenny, você acredita que o comportamento do deputado é reflexo apenas de um ódio gratuito, ou é reflexo de uma criação machista e misógina?

Jhenny: “Eu acredito que esse deputado é uma figura de manobra que atende a interesses políticos que para poder sobreviver entre as massas, precisa estar sempre metido em algum tipo de polêmica sem sentido. Ou seja, para ‘causar’ em certos meios, ele sempre terá que eleger alguém para Cristo.

Quanto ao comportamento em si, acredito que a pouca idade do deputado, faz com que ele mergulhe cada vez mais em um poço profundo. As pessoas são o que são, ou fazem o que fazem, quando elas não têm alguém que lhes imponha um certo limite, e neste caso, o limite se chama respeito. Ele não tem o menor conhecimento de causa, ou seja, não é o local de fala e sim o conhecimento.

Eu vi na fala dele uma série de invasão, pois ele comparou a vivência de uma pessoa transexual com alguém que pode ser estuprador de crianças ou de mulheres E não é disso que se trata. Ele não entende o que ele está falando, mas eu entendo que o sistema político precisa criar certas histórias para fazer com que as pessoas se desentendam. Isto é o que chamo de “massa” de manobra politiqueira”.

O comportamento lamentável  do deputado Nikolas Ferreira, já está sendo alvo de denúncia de outros parlamentares no conselho de ética da câmara. Percebam que a atitude do parlamentar está além de questões políticas, ou seja, aqui não estamos falando de esquerda, direita ou centro, mas sim, de respeito às leis, uma vez que o Código Civil e a Constituição Federal de 1988, garante direitos e liberdade a todas as mulheres trans do Brasil.

Por: Gabriel Maia, ANH Redação. Estagiário sob supervisão.